sábado, 18 de janeiro de 2014

A Amante do Padre

(Um encontro planeado num monte junto ao cemitério)
– Desculpa!
– Estava com medo! Não me parecias tu.
– A esta hora não é normal aparecer ninguém. E, para mais, os mortos não se levantam.
– Pára com essas coisas. Não brinques com isso, sabes que não gosto.
– Não gostas, mas não queres ir para outro lugar.
– Sabes bem a razão.
 – Sei mesmo?
 – Para com isso, vamos para ali…
 – Não. Hoje vai ser diferente. Quero foder dentro do cemitério.
 – (irritada) Tás parvo! Nem penses!
 – Ok. Estava a brincar contigo. Queria ver a tua reacção. Anda, vamos ali para trás…
 – Espera. Pára. Vem alguém…
 – Também ouço vozes…
 – Anda. Vamos para trás daquela capela.
            (deslocam-se)
 – Cuidado. Chega-te para trás…
 – Quero ver quem é!
 – (agarrando-a) Deixa lá…
 – Tira a mão. Aqui não!
 – (Apalpando-a) Sim! Vai ser mesmo aqui…
 – (Admirada) Pára. Olha… consegues ver?
 – O quê?
 – Estão parados junto ao poste… bem que já desconfiava.
 – Conheces? Consegues ver… foda-se! Foda-se!
 – Pois…
 – Filho-da-puta!
 – Aquela cabra… tão santinha…
 – Ai o cabrão…
 – Deixa… já vão embora. Vamos sair daqui…
 – (Beija-lhe o pescoço) Agora não. Aqui estamos mais seguros…
 – Tu deixas-me louca…
 – Qualquer dia somos nós… apanhados…
 – (Tirando-lhe a roupa com pressa) Deixa isso agora…
 – Abre…
 – Vai com calma… no início…
 – Tás toda molhada…
 – Vai… faz… faz…
 – Vou-me vir rápido!
– Eu já me vim… faz-me vir mais…
– nunca te vi assim…
– Estou-me…
 – Eu também…
 – (suspirando intensamente) Que bom!
 – Espectacular!

 – Cala-te! Ouço vozes…

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